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Frases de Edson Moura


Alguns rabiscos sobre a teoria de Freud

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Marcio Alves
 
Quero compartilhar alguns rabiscos meus freudianos, baseado nas concepções teóricas fundamentais psicanalíticas de Sigmund Freud, visando trazer um resumo bem objetivo, pratico e esclarecedor de suas principais teorias.
 
Freud vê todos os indivíduos como uma natureza humana inata que o determina, vivendo sempre na tensão constante entre as exigências dos impulsos instintivos versus a realidade social que cobra comportamentos adequados na relação e interação social. Desenvolveu sua mais importante teoria sobre o inconsciente que é o que marca, distinguindo a psicanálise das demais teorias psicológicas. Dando ênfase também no desenvolvimento psicossexual infantil, sendo estes dois conceitos os principais na teoria psicanalítica freudiana.

 
Segundo a visão Freudiana, o ser humano é possuidor de uma natureza inata que é determinada e regida pelas pulsões de morte e vida, que seriam os impulsos sexuais, presente como energia vital desde o nascimento, e os impulsos agressivos, mais a experiência de vida de cada sujeito, desenvolvida ao longo da infância, onde se dá o complexo de Édipo – onde a criança desenvolve um vivo sentimento de afeição pelo genitor do sexo oposto e grande inimizade pelo do próprio sexo, a quem deseja eliminar como a um rival, isto tudo inconscientemente.

 
Para Freud o mundo é civilizado através de leis que governam os relacionamentos humanos, contrapondo a natureza instintiva animal do homem, que por viver em sociedade aprende internalizando estas leis e proibições, de como se deve comportar, gerando assim um mal estar e conflito no homem, já que há um abismo existente entre as demandas dos próprios impulsos, agressivos e sexuais, advindos de sua natureza com as do meio social.

O aparelho psíquico do homem foi divido por Freud em duas tópicas, chamadas de topográfica e estrutural. Na primeira, a topográfica, o consciente, pré-consciente e inconsciente. Já na segunda, a estrutural, o id, ego e superego.


 
A diferença básica entre consciente, pré-consciente e inconsciente é que consciente é a parte psíquica de nosso aparelho que recebe os dados, organizando-os, do mundo externo e interno do sujeito, constituindo uma pequena parcela da mente. Já o pré-consciente situa-se no meio, entre o consciente e o inconsciente, e, refere-se aos nossos pensamentos e lembranças que não são conscientes em um primeiro momento, numa dada circunstancia, mas que podem ser evocados ou chegarem de maneira espontânea e livre a consciência. E por ultimo, o sistema inconsciente, que foi a grande e revolucionaria descoberta de Freud, o conceito mais fundamental da psicanálise, que consiste na maior parte da vida psíquica, onde se localiza as principais idéias, que são as representações de impulsos, que foram reprimidas, que o sujeito não tem acesso consciente, porém, vale lembra que não foram esquecidas, e tão pouco ainda perdidas, e que tem enorme influencia na vida consciente.

Já o aparelho psíquico estrutural é formado pelo id, que é totalmente inconsciente, instintivo e regido pelo principio do prazer buscando a satisfação a qualquer custo, sua relação geralmente é muito conflituosa com o ego que sempre regido pelo superego, busca uma forma mediadora na realidade de, às vezes, satisfazer de maneira permitida, outras vezes de inibir ou reprimir, os anseios do id sem desobedecer às leis impostas pela sociedade que são justamente internalizadas pelo superego.

A psicanálise freudiana é uma das mais importantes teorias sobre o funcionamento do aparelho psíquico, como também compreensão do mundo e da natureza humana, contribuindo de maneira enriquecedora para a psicologia, no trabalho de compreender e ajudar o ser humano em seus conflitos internos e externos.


 
REFERENCIA BIBLIOGRAFICAS


Freud, S. – O mal-estar na civilização, Vol. XXI, Rio de Janeiro: Imago, Ed. Standard Brasileira das Obras Completas, 1974, p. 81-171.


Freud, S. (1923) O ego e o id. Trad. sob direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1980, v.19, p.13-80. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.


Freud, S. (1915) O inconsciente. In___ Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Trad. sob direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1980, v.14, p.183-202.

"Não vim ao mundo só"

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Não vim ao mundo só
Nasci grudado ao meu irmão
Cresci segurando sua mão
Não vim ao mundo só.

Nunca nos separamos
Apenas nos afastávamos
Mas de longe nos olhávamos
Não vim ao mundo só.

Se chorava ele estava ali
Como sombra ao meu lado
Ele sempre fora o culpado
Pois nunca nos separamos

Sempre quis que ele partisse
Para poder ser mais feliz
No fundo acho que nem eu quis
Já que não vim ao mundo só.

Hoje não posso despachá-lo
O carrego sobre os ombros
Como um fardo sobre o lombo
Atado por arames de aço

Fui parido com meu irmão
Aceitei-o a muito custo
E para não ser injusto
Hoje o quero ao meu lado

Dominei-o já na velhice
Ignorá-lo é engano ledo
Pois não vim ao mundo só
Nascemos eu e o medo.

Edson Moura

Psicologia Clinica

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O que é psicologia? Do que e como ela estuda? O que é propriamente um psicólogo clinico e qual é o seu campo de atuação? Essas e outras perguntas que vamos tentar responder a partir de agora, e, isto de uma forma bem breve e objetiva.

Segundo a doutora em psicologia clinica pela PUC/SP, Moraes (2003 p. 61) que buscou responder a primeira pergunta proposta: “o que é a psicologia?”, embasada principalmente em Foucault e Wundt, trouxe duas definições: A primeira derivada de Foucault é de que “(...) os impasses e contradições encontrados pela psicologia para definir-se como ciência devem ser tomados não como equívocos a serem superados, mas como positividades, como aquilo mesmo de que é feita a psicologia” (MORAES, 2003 p. 61), ou seja, não obstante a dificuldade de se definir o que é a psicologia, pois há inúmeras definições, há ainda, a problemática das contradições e erros próprios dos seres humanos, pois o objeto de estudo de que se vai ocupar a psicologia é justamente o homem.

Ser este que é marcado por um universo complexo, contraditório, ambíguo e subjetivo. Daí surgirem tantas teorias e vertentes dentro dessas mesmas teorias para tentar compreender e explicar o homem.

Então o objeto de estudo da psicologia é o homem. O problema básico deste objeto de estudo é sua complexidade e diversidade, e, portanto da impossibilidade de se exaurir todo conhecimento acerca deste objeto, se chegando a uma conclusão final, única e absoluta, como apontam em seus estudos Barros e Holanda (2007).

A segunda definição para “o que é a psicologia?”, ainda segundo Moraes, é encontrada em Wunt que “(....) definiu a psicologia como ciência intermediária, isto é, uma disciplina entre outras disciplinas”. (MORAES, 2003, p. 61) Isto não significa dizer apenas que a psicologia seja mais uma disciplina entre tantas outras disciplinas (embora ela seja), mas que ela é justamente marcada pelas relações com outros saberes científicos, como a biologia e a sociologia, por exemplo.

Sendo assim, a psicologia não pode ser apenas definida e limitada como estudo da mente, ou estudo do comportamento, embora alguns autores tenham definido assim, porque ela é muito abrangente e ilimitada. Sendo reduzida a apenas uma dentre tantas teorias, acaba por se torna empobrecida e apequenada.

Uma maneira de definir a psicologia, segundo Todorov, é como estudo de interações de organismo-ambiente, e neste sentido ele escreve dizendo:

“As interações organismo-ambiente têm, historicamente, caracterizado áreas da Psicologia, dependendo de quais subclasses de interações são consideradas. Ainda que uma divisão do meio ambiente em externo (o mundo-fora-da-pele) e interno (o mundo-dentro-da-pele) seja artificial, pois não tem que haver necessariamente dicotomia, a Psicologia evoluiu até o presente com áreas mais ou menos independentes especializadas em interações principalmente envolvendo o meio ambiente externo (psicofísica, por exemplo) ou com ênfase exclusiva no meio ambiente interno (abordagens psicodinâmicas da personalidade, por exemplo)”. (TODOROV, 2007 p. 58)

 

Ou seja, ainda que seja imprescindível a fragmentação do estudo da psicologia para uma melhor compreensão e analise, não podemos negligenciar o entendimento de que as partes compõem um todo, estando elas mesmas interligadas e co-relacionadas, como por exemplo, o comportamento que não pode ser totalmente entendido se isolado o seu contexto físico e social, como também a questão da resposta singular que irá variar de sujeito para sujeito.

Então a psicologia com sua diversidade de teorias, são na maioria das vezes fragmentada, buscando entender aspectos das partes que compõe um todo do ser humano, mas que não podem cair no erro de se limitarem dando ênfase exclusiva a apenas uma destas partes, se esquecendo do todo.

Dentre os vários campos possíveis de atuação do psicólogo, está a clinica que é “(....) o estudo cientifico e de aplicação da psicologia para fins de compreensão, prevenção e alivio psicológico (.....) para promover o bem estar subjetivo e desenvolvimento pessoal”. (REDEPSICOLOGIA.COM, 2008)

Ela se inicia com um estudante de Wundt, chamado Lightner Witmer (1867-1956) quando o mesmo resolveu tratar um rapaz que tinha problemas com a ortografia. Este primeiro caso foi à mola propulsora para ele abrir uma clinica para dar continuidade ao trabalho de ajudar crianças com dificuldade de aprendizado.

Foi nesta época que Witmer criou o termo “psicologia clinica” que ele definia como um trabalho de observação e experimentação empírica com o objetivo de causar mudança.  (REDEPSICOLOGIA.COM, 2008)

Todo psicólogo clinico antes de atuar, precisa sempre avaliar o contexto e a natureza dos problemas, como também a situação a qual está inserido seu paciente, como; idade, tipo de personalidade, ambiente e cultura, inclusive também a motivação e duração da terapia e analise clinico.

Um dos problemas no inicio da carreira do psicólogo clinico é o que a psicóloga Tavora chama de “reconhecimento do eu”, que consiste basicamente na super-atenção dispensada do psicólogo consigo mesmo, ou seja, o psicólogo fica tão preocupado em saber se esta ou não se saindo bem, se sua postura de ouvir e até mesmo de falar estão corretas, que a atenção dada ao seu paciente fica comprometida. (TAVORA, 2002 p.7)

 

REFERENCIAS:

BARROS, F. de; HOLANDA, A. O aconselhamento psicológico e as possibilidades de uma (nova) clínica psicológica. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 13, n. 1, p.1-22, jun. 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2011.

MORAES, M. Revista de Psicologia Unc: o que é a psicologia?, Niterói, v. 1, n. 2, p.59-63, 25 fev. 2003. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2011.

REDEPSICOLOGIA (Org.). Psicologia clinica. Portal Rede Psicologia, São Paulo, n. , p.1-9, 08 jun. 2008. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2011.

TAVORA, M. T. Um modelo de supervisão clinica na formação do estudante de psicologia: A experiência da ufc. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p.1-13, jun. 2002. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2011.

TODOROV, J. C. A Psicologia como o Estudo de Interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 23, n. , p.57-61, 2007. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2011.

 
 

Gênio Indomável segundo a teoria comportamental

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O filme fala da história de Will, um jovem com uma inteligência brilhante, adquirida através de aproximações sucessivas, primeiro quando criança aprendeu a ler, depois, dedicou muito tempo a ler diversos livros, como mostra no filme, para finalmente a fazer operações matemáticas complicadíssimas, porém, possuía um comportamento operante de agredir pessoas as quais não gostava, e por isto, foi preso várias vezes, inclusive chegou a bater (comportamento operante) em um policial.
 
Na sua infância foi criado em um orfanato, onde passou por vários tipos de violência física e abusos, ou seja, um ambiente hostil que acabou contribuindo em reforçar positivamente em Will, sua agressividade e violência. Este jovem trabalhava na faxina (comportamento operante), pois não aceitava trabalhar num emprego mais intelectual, tivera uma inteligência tão aguçada a ponto de superar até mesmo um professor de matemática na universidade.
 
O enigma seria decifrar um teorema que o professor desafiou seus alunos e somente o jovem Will conseguiu decifrar. Desde então, o professor Gerry foi a procura do jovem Will, chegando até aos tribunais no qual ele se encontrava diante do juiz respondendo mais um processo por agressão, onde desta vez teve, ao mesmo tempo, uma punição positiva ao ser condenado a ficar preso, e negativa, pois foi tirada a sua liberdade. No entanto Gerry foi até a prisão propor ao jovem que mediante a autorização do juíz, ele poderia sair da prisão se o mesmo ficasse sob sua tutela, conseguisse um emprego, e fosse avaliado por um terapeuta.
 
Will é claro acabou optando pelo acordo com o professor ao invés da prisão, e, isto foi para Will um reforço negativo, pois eliminou o estimulo aversivo da prisão.  Já para o professor que ajudou Will, acabou sendo para ele, professor, um reforço positivo, pois Will ajudava a decifrar seus teoremas e a formular suas aulas. Em relação à terapia, antes mesmo de passar com o terapeuta, pesquisava livros escritos pelos mesmos, para punir positivamente através de argumentos contrários e/ou zombando dos terapeutas, fazendo com que os mesmos desistissem de tratá-lo, conseguindo com isto, se esquivar do tratamento.  Mas por fim, um terapeuta não desistiu de tratá-lo, seu nome era Sean, amigo de Garry o qual indicou para tratar Will sua última esperança, que dizia que para tratar uma pessoa era necessário antes conquistar sua confiança.
 
E assim Sean foi, através da modelagem, ensinando novos comportamentos ao jovem, que na primeira consulta tentou de todas as formas, através da punição positiva, provocá-lo para que o terapeuta desistisse, mas diferente dos outros, Sean não mudou o seu comportamento operante de conversar, atendendo o jovem, onde fazia perguntas e o mesmo não respondia, criando resistência a extinção do seu comportamento operante de não falar. O terapeuta levou o para fora do consultório no jardim, onde falou um pouco sobre sua vida, reforçando positivamente o comportamento de prestar atenção do jovem.
 
Em outro encontro ambos ficaram em silêncio, Will não queria falar, então o terapeuta reforçou negativamente Will não falando nada também, ou seja, ao tirar sua fala, o terapeuta conseguiu reforçar Will a iniciar a conversar, pois não aguentou o silencio.  Mas aos poucos o terapeuta foi reforçando o comportamento de falar e se relacionar do jovem Will na terapia. Além disto, Will se condicionou, através da necessidade filogenética de amizades, mais a sua historia ontogenética, a um grupo de amigos, como se esses amigos fossem a sua própria família que o mesmo não tinha, e, este grupo de amigos também reforçava positivamente ainda mais o comportamento agressivo de Will, ajudando ele a agredir outras pessoas.
 
Em certa ocasião num bar com seus amigos conheceu uma garota chamada Scarlet, bonita, extrovertida e inteligente. Os dois começaram, através da aproximação sucessiva, de uma amizade a namorar, de beijos e caricias a ter relações sexuais, mas sem planos futuros. Quanto ao emprego, Gerry o selecionava para diversas entrevistas, mas Will recusava se esquivando de todas as propostas, pois era condicionado por um esquema de reforço continuo de sempre trabalhar como operário na obra junto com seus amigos.                                                                                                                                                      

Mas os dias foram passando, e Sean, através de esquema de reforçamento intermitente imposto por Gerry pela pressão de precisar dos relatórios para levar ao juiz, tentava explicar a Gerry que se pressionasse Will ele poderia ir embora (fuga) e não voltar mais, generalizando ainda mais o seu comportamento de não confiar em ninguém, por ter sido órfão e não ter amor de pai e mãe, abusado e espancado em sua infância, sendo assim punido negativamente, pois não teve pai e mãe, e punido positivamente, pois nos lares adotivos foi agredido.
 
E foi assim que Sean foi conquistando cada vez mais a confiança de Will, reforçando positivamente ao falar de sua esposa que já havia falecido, (filogenética) e, que a amava (filogenética) e que não pretendia se casar novamente, fazendo com que Will tivesse o comportamento operante de falar também sobre sua garota que foi embora e o amava, mas que ele preferiu não acompanhá-la, se esquivando, com medo (filogenética) de ser abandonado por ela. Em uma conversa profunda Sean mostrou a Will que tudo que aconteceu em sua vida não era sua culpa, e assim Will desabafou descarregando todas as suas emoções para o analista, que por sua vez conseguiu reforçar positivamente ainda mais, abraçando-o.                                                                                                                                              
Depois de tudo isso, Will teve o seu comportamento mudado resolvendo aceitar a proposta do emprego formal, mas depois mudou de ideia, por causa do comportamento respondente de precisar de amor e sexo de sua namorada, e foi atrás dela para viver ao seu lado.

Mulheres feministas e moralistas, por favor, não leiam o texto abaixo!!!

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Fui hoje de manhã à biblioteca, no centro cultural São Paulo Sérgio Milliet, especialmente atrás desse livro: “A filosofia da adúltera”...estou devorando ele...já estou na metade...um livro escandalosamente polemico. Não indico para as feministas e puritanas de plantão, apesar de que, confesso que adoraria ver a cara de algumas lendo esse livro. (rsrs). Elas iriam passar mal e ficar horrorizadas (rsrs). Mulher pra ler esse livro tem que ser corajosa ao ponto de se permitir ser confrontada, questionada e o pior: desmascarada (rsrs). Partindo da premissa de que nele contenha algumas “verdades” que colocam elas contra parede, desmistificando e derrubando alguns mitos sobre as mulheres, que podem deixar as mulheres numa verdadeira “saia justa” (rsrs).
 
Olha essa frase que eu tirei desse livro, por exemplo:
“Este livro é escrito sob o espirito da adultera. A mulher que representa a condição humana como escrava do desejo (...) que realiza a vocação mais antiga da mulher. Que reconhece o quanto se perde em si mesma e como é autodestrutiva. Mas que ainda assim, não consegue deixar de abrir as pernas para o homem que não é seu marido, que chupa seu sexo engolindo o desejo liquido que brota dele, traindo a confiança de seu marido infeliz e de seus filhos, e que assim faz representante de toda a humanidade em sua miséria” (PONDÉ, 2013).
E ai tem certeza que quer continuar lendo? (rsrsrs)

Esse livro do filosofo Pondé é totalmente baseado no gênio Nelson Rodrigues, que de maneira bem geral, ele compara a humanidade com a mulher adultera, no sentido em que ambos são miseráveis escravos do desejo, que como dizia outro gigante da filosofia, Schopenhauer, que, grosso modo, há duas tragédias na vida: uma é a de não satisfazer um desejo e a outra é justamente de satisfazê-lo. Na primeira nós temos a frustração, já na segunda hipótese, nós temos o tedio do desejo realizado que irá gerar novos desejos e por consequência novos tédios, e assim, por diante, como no mito de Sísifo de rolar a pedra eternamente pela montanha acima, e ver ela sempre rolando pra baixo.
Pondé afirma, entre outras coisas, que o “sexo livre” hoje em dia, acaba por tirar ou diminuir o tesão, porque como tudo que é proibido é mais gostoso, “culpa e o pecado são os maiores aliados do desejo” (PONDÉ, 2013), ou seja, são ingredientes explosivos que não podem faltar numa ardente e irresistível transa. (Será que é por isso que as pessoas traem? Rsrs)

Pondé traz a historia contada por Nelson Rodrigues “perdoa-me por me traíres”, onde se inverte a logica: nele é o homem que pede e busca perdão pela traição realizada pela sua esposa justamente por ele reconhecer que a traição dela é por falta de amor dele. (mulheres traem por falta de amor?)
Outro ponto muito interessante que vale a reflexão é sobre o amor tal como esta colocado também em Nelson Rodrigues através desse livro do Pondé, onde ele traz que quando mais se ama, quando mais se quer, mais se deseja a pessoa amada, mais refém e dependente dela nós tornamos, ao ponto de ficarmos inseguros, “Ciúmes, delírios de traição, impotência de controlar o outro” (PONDÉ, 2013), porem o outro caminho oposto a esse, o da indiferença o tal “pega mais não se apega”, frase escrita agora por mim, mas que escutei de muitas pessoas, inclusive mulheres, acaba, como diria Nelson Rodrigues via Pondé, por nos “apodrecer”, ou nas palavras de Pondé “sem o tormento do amor, você apodrece – por isso só os neuróticos verão a Deus. Ou nos angustiamos ou apodrecemos, dizia Nelson” (PONDÉ, 2013).

Um pouco mais sobre o livro, pra colocar mais ainda o “dedo na ferida” (você ainda esta lendo essa postagem?! Depois não venha me xingar. Rsrs) Pondé – pra ser amaldiçoado até a quinta geração pelas feministas rsrs – levanta a questão de que mulher gosta mesmo é de apanhar na cama, de ser possuída pelo homem, ou sem suas próprias palavras que...”é da natureza feminina desejar o que dói (...) e essa vocação é a de desejar ser objeto do homem que a possui, seu dono (mesmo que simbolicamente e por algum tempo)”. (PONDÉ, 2013). (Já dizia o psicólogo Flavio Gikovate que sexo tem haver com agressividade e não com carinho. Dizia ele que se observarmos os filmes pornográficos – pra não dizer nós mesmos rsrs – as pessoas envolvidas estão com o rosto sempre tensas e fechadas, com aparência de “raiva”...será?? rsrs)

O que dizer então da “tese” do Pondé – que por sinal, dei muita risada, não por ser sem fundamento, mas muito ilharia rsrs – de que “pouco importa o que uma mulher fizer, sentir ou pensar: seus seios definem sua vida. Não é por acaso que plásticas nos seios salvam vidas. (...) Alguém poderia acusar Nelson de reduzir a vida da mulher ao seio. Claro, existem outras coisas numa mulher que a definem: pernas, boca...anos de terapia podem ajuda-la a ser algo mais do que isso” (PONDÉ, 2013).
Enfim, os homens irão adorar a leitura de “A filosofia da adúltera”, já as mulheres....
 
Marcio Alves
 
Descrição do produto e ficha técnica
Título: A Filosofia da Adúltera
Subtítulo: Ensaios Selvagens
Autor: Luiz Felipe Pondé 
Editora: Leya
Edição: 1
Ano: 2013
Idioma: Portugues
Especificações: Brochura | 192 páginas
ISBN: 978-85-8044-862-7
Peso: 280g
Dimensões: 230mm x 160mm

Ateus e religiosos, por favor, não leiam o texto abaixo!!!

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“Sem capacidade para o espanto” e “De quatro” são dois títulos do livro “A filosofia da adultera: ensaios selvagens” do escritor e filosofo Pondé. 
Neles o escritor trás a tona a relevante reflexão de que a teologia da justiça social foi, na verdade, uma preparação do terreno para a teologia da prosperidade, onde se busca não mais o mistério e o assombro de um Deus dos místicos, mas antes um Deus materialista que dá carro, casa, emprego e bens materiais para seus “fieis”, ou nas palavras de Pondé “O que se busca em Deus, de agora em diante, será algo entre bons salários e um bom carro novo” (Pondé, 2013), pobre dos crentes, reduziram o Deus dos místicos e filósofos a um simples e mero banqueiro capitalista. 

Ou então, a um medico, quando se lota as igrejas atrás de uma cura para o corpo miserável, que na verdade, como diria Ariovaldo Ramos, nada mais é do que “remendo novo em pano velho”, ou seja: o que é a morte se não o viver num corpo que envelhece todos os dias, nesse sentido, somos todos doentes de uma doença: a doença do existir e do viver. Cada dia que se vive, vive se um dia menos. Religião se tornou banal e medíocre como é o mundo materialista e capitalista.
Ou seja, como sentenciou Nietzsche “Deus está morto”, inclusive para os religiosos.

Considero-me um ateu místico, explico: não consigo acreditar e nem conceber um Deus que esta por trás de tudo, igual a um diretor que dirige um filme, que comanda e controla, determinando papeis e traçando destinos, nesse sentido sou ateu filosoficamente falando.
Vejo muito mais beleza e coragem existencial na vida sem Deus. Porém, me jogo de joelhos em completo silencio absorto diante do absurdo e assombro do mistério da existência: reverencio a vida e os Deuses mitológicos que a humanidade criou desde os tempos mais remotos. 

Sou apaixonado especialmente pelo Deus do cristianismo, por sua paixão pela humanidade, ao ponto de sofrer por ela, de literalmente morrer por ela.
Não entro aqui na questão se Jesus existiu de fato ou não. Mito não é igual à mentira, mas esta para além da razão, trazendo verdadeiras riquezas de sabedoria sobre e para a vida.
De quatro” Pondé nos diz que “Não, o homem não se espanta mais. Sem espanto, caímos de quatro, assim como sem a alma imortal” (Pondé, 2013).
Pobre dos ateus e religiosos, que não percebem que sem Deus – ou com um Deus materialista que é buscado por “bênçãos” materiais – caímos literalmente de “quatro”, no sentido, de nós tornamos humanos, demasiado humanos, meros animais “racionais”.

Nesse sentido prefiro ao apostolo Paulo quem celebremente declarou “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!”.
Pobre do homem moderno que vive voltado para si mesmo, achando que o mundo gira entorno de si, que não consegue olhar para fora de si, e se assombrar com o mistério e o absurdo da vida.
 
Marcio Alves

 

Toda mulher gosta de se sentir "vagabunda", pelo menos por meia hora?

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Já inicio essa reflexão com a frase polemica do filosofo Pondé de que “O imortal hábito feminino é gostar de ser objeto sexual. Sentir-se cachorra, fácil, vadia, pelo menos por meia hora” (Pondé, 2013)
 
Pondé trás em seu livro “A filosofia da adultera: ensaios selvagens” embasada na visão “rodriguiana” de que a vocação mais antiga da mulher é a de ser prostituta, e isso nós podemos ver exaustivamente na maioria das suas peças teatrais: a mulher submersa incontrolavelmente em desejos sexuais.
 
Quem não se lembra do filme “A dama da lotação” de Nelson Rodrigues? Em que a protagonista, em um dado momento, começa uma rotina diária de seduzir todo tipo de homens que ela nunca viu dentro dos ônibus. Isso sem contar que ela transa com o melhor amigo do marido e ainda por cima com seu próprio sogro! (rsrs)
Daí esse gênio Nelson Rodrigues ser conhecido como “anjo pornográfico”.
 
Pondé, embasado em Nelson, chega a dizer em seu livro que “o desejo pinga entre as pernas da mulher” (Pondé, 2013).
 
Em um dado momento do livro Pondé trás a tona um comentário de um famoso psicanalista que contou o quanto as mulheres no setting terapêutico, confessavam em alguns momentos da analise, o quanto que seus maridos não sabiam trata-las na cama como vagabundas, e que elas sentiam falta disso.
 
Em sua critica venenosa á famosa filosofa feminista francesa existencialista Simone de Beauvoir, ele diz que “O fato de a mulher ser penetrada (...) ficar de quatro, revela mais da alma feminina do que o blábláblá da Simone de Beauvoir, que confunde queixas quanto a poder trabalhar fora de casa com gosto sexual e com natureza feminina” e acrescenta que “A alma feminina pode pilotar aviões, mas quer ser a puta de um homem” (Pondé, 2013).
 
Podemos então, com base em Pondé e em sua releitura de Nelson Rodrigues concluírmos que: a mulher que diz que a beleza feminina não importa, que não aceita ser tratada e nem vista como objeto sexual, no fundo é porque é ressentida, não se sente desejada e não suportar ver outra mulher sendo. (hahahah)
 
Marcio Alves

Pra você que se diz estar apaixonada, mas que não tem ciúme, que é uma pessoa bem controlada e resolvida, por favor, não leia o texto abaixo!!!

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Inicio essa reflexão novamente com uma frase do grande mestre Dostoiévski do livro que estou lendo “O Idiota” onde ele diz que “(...) é sabido que o homem excessivamente envolvido por uma paixão, sobretudo se já está entrando em anos, fica totalmente cego e disposto a suspeitar de esperança onde ela absolutamente inexiste; além disso, perde a razão e age como uma criança tola, mesmo sendo um poço de sabedoria”. (Dostoiévski, pg. 72, 2013)
 
É tão desnecessário o que vou dizer depois do que Dostoiévski disse aqui – tudo que vou escrever a seguir sobre esse trecho de Dostoiévski se torna diante de tamanha genialidade, apenas uma mera “nota de rodapé”, que escrevo muito mais como um exercício de reflexão pra mim mesmo, ou seja: se quiser, pode se dar o luxo de não ler o que escrevo abaixo, pois essa frase de Dostoiévski diz por si só – que vou novamente reproduzir esse mesmo trecho:
 
“(...) é sabido que o homem excessivamente envolvido por uma paixão, sobretudo se já está entrando em anos, fica totalmente cego e disposto a suspeitar de esperança onde ela absolutamente inexiste; além disso, perde a razão e age como uma criança tola, mesmo sendo um poço de sabedoria”. (Dostoiévski, pg. 72, 2013)
 
Aqui o mestre Dostoiévski nos brinda com uma reflexão de que mesmo as pessoas mais velhas, experientes, maduras, quando estão apaixonada – não um simples gostar e ter afinidades e achar que com isso, se está amando loucamente (até porque, gostar não tem tanto peso e importância, pois afinal, gostamos de uma serie de coisas, como musica, sorvete, dinheiro, assistir filmes, carro, sexo (rsrs) e etc..) – perdem o controle de si mesmas.
 
Daí que para a sabedoria grega antiga, o contrário da razão é justamente o pathos (paixão), sendo esta inimiga mortal da primeira, pois uma pessoa apaixonada é uma pessoa possuída pela loucura cega e furiosa do amor irracional. Daí que paixão se aproxima da doença, da loucura, do “patológico” – suspeito de que muito em breve, terão psicólogos tratando em seus consultórios pessoas apaixonadas como pessoas “patologicamente” doentes... não duvidem de que a medicina irá criar remédios para lidar com mais esse drama humano – pois estar apaixonado é estar literalmente “doente” de amor.
 
Sem contar que quando se esta apaixonada, fica-se igual a criança: já reparou no dialogo de duas pessoas perdidamente apaixonadas? Dá até “raiva” (inveja?) delas. Rsrsrs
A paixão é um “crime”. O mundo não suporta ver ninguém apaixonado, se beijando e fazendo juras de amor eterno. Pessoas assim (apaixonadas) parecem que estão em outro universo, que estão acima do bem e do mal, alem do resto dos mortais.
 
Chego a suspeitar de pessoas que se dizem “bem resolvidas”, que nunca perderam a cabeça, que dizem (só dizem) não ter ciúmes e que ainda por cima criticam e falam mal da paixão.
Suspeito de que a vida sem paixão é inútil e não vale apena, e que essas pessoas são ressentidas e justamente inseguras. Daí não terem coragem de abandonar as falsas certezas e mergulharem bem fundo nessa experiência devastadora que é a paixão.
 
Se a sua paixão te abandonou ou melhor (pior) ainda: te trocou por outra (ou outro) e você não sente a menor vontade de matar ele (ou ela) é porque não é paixão – daí a paixão ser tão perigosa, por isso, outro grande mestre (Nelson Rodrigues) criou tantas historias de pessoas apaixonadas que matam o outro ou se matam por causa da paixão.
 
O contrario do amor não é o ódio, mas sim a indiferença – indiferença se ele (ou ela) te trai, se conversa ou tem amizade com uma pessoa muito mais bonita, inteligente e rica que você, indiferença se ele (ou ela) irá te deixar algum dia e etc.
 
Se você não tem ciúme, medo de perder, sente um pouco até de indiferença, lamento: você acha que ama, que está apaixonada, mas no fundo é só um bobo feliz “bem resolvido”que se autoengana.
 
Escrito por Marcio Alves

Angustia

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Por: Marcio Alves

Hoje acordei muito mal. Triste por estar triste. Triste por não sair da cama. Triste por não conseguir brincar com meus filhos. Triste por não fazer as coisas que costumava gostar de fazer. Não consigo ler livro nenhum. Não consigo pensar direito. Só penso pensamentos de angustia. Pensamentos de angustia são tristes. 

Não vejo razão de alegria. Procuro então anestesiar minha mente pensante com televisão. Programas da globo, novelas, esporte, jornal, filmes e até malhação começam a fazer parte da minha vida, porque tudo que quero nesse momento é parar a angustia. Parar a angustia significa parar a tristeza, a dor, o sofrimento. Nunca sentir nada tão terrível como essa angustia que persiste em me fazer sofrer. Não aguento de tanta dor, de tanta desilusão. É isso! Preciso agora me iludir, me alienar um pouco da realidade, porque a realidade nunca foi tão dura comigo, tão terrível, tão avassaladora. Preciso tomar medicações. Todo tipo, desde de antidepressivos até os chamados ansiolíticos. Mas sinto que nada nesse momento cura essa angustia. Será que isso que os filósofos como Sartre chamava de Náusea? 

Como dói viver. Pensar em morrer é uma solução. Solução eterna, haja visto ser ateu, não acreditar graças a Deus em vida após a morte. Imagina, essa sensação de angustia por toda eternidade? Isso sim que é o inferno...uma vida eterna de angustia. Porra que dor insuportável. Se conseguir passar por isso serei o homem mais forte...ou então...o homem mais frágil. Não é fácil viver com angustia. Essa sensação de nó na garganta, de peito pegando fogo, de tristeza sem fim, vontade de ficar deitado na cama, vontade de dormir, de que o dia se transforme em noite sem fim. Odeio o dia. Acho que para a pessoa mergulhada em angustia não tem nada pior do que a luz do sol, do dia. 

Quero voltar a viver, a ter alegria, a sorrir, a brincar com meus filhos. Quero voltar a me deliciar com romances, com literatura. Não vejo a hora de voltar a ler Dostoievski, a ler Nietzsche. Nesse momento ler Rubem Alves é o que me resta...mergulhar em suas poesias filosóficas...uma leitura leve e profunda. Não aguento mais anestesiar minha mente com televisão, mas também não aguento mergulhar fundo em pensamentos profundos. Preciso de um tempo. Minha mente não me dá tempo.

Pior ainda é essa agonia, essa angustia que me queima vivo por dentro. Nesse momento o que me resta é escrever, vomitar, colocar pra fora o que está me matando por dentro. Recomendo que não leiam isso. Agora já era...se chegou até aqui é porque teve coragem, respirou bem fundo e entrou na minha alma. Alma essa que a melhor definição para o que estou sentindo é o que Jesus disse ou disseram que ele disse nos evangelhos “Minha alma está angustiada até a morte”! Infelizmente ninguém morre de angustia. Claro, se a pessoa resolver se matar, mas ainda sim é para matar essa angustia. 

Acho que vou fazer o que Nietzsche dizia sobre cair dançando sobre o abismo. Vou buscar força e tentar me reerguer. Mas não é fácil. Viver não é fácil. Puxa consegui escrever esse texto! Acho que é isso que Nietzsche dizia com escrever com sangue. Literalmente escrevi com meu sangue. Sangue esse mergulhado na angustia do viver e sofrer. Esse deve ser o preço mais alto que um mortal pode pagar pra viver: o viver com angustia. Pesadelo...isso! Quero acordar e descobrir que tudo isso não passou de um sonho...ou melhor...pesadelo! Mas sei que isso é se auto enganar. 

Preciso como um homem suportar esse tédio, essa loucura e peso da angustia. Sei e torço, quero acreditar que isso é uma fase, tenebrosa, é verdade, mas ainda sim uma fase. Logo estarei de pé, como um verdadeiro sobrevivente, renascido do inferno, vindo das trevas da angustia. Espero que o sol volte um dia a brilha no meu caminhar pelo viver a vida, mesmo que algum dia a angustia volte, estarei mais forte para suportar ela. Puxa como escrever, falar sobre o desespero da angustia ajuda a suportar. Tenho, preciso, quero voltar a escrever meus textos. Não importa se alguém vai ler. O importante é escrever para superar a dor, o sofrimento, no meu caso agora, para superar a angustia do viver.

Medo de enlouquecer

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Por: Marcio Alves

Imagina uma mente sã num corpo doente, preso, acorrentado? Imagina agora essa mesma mente pensante presa num manicômio onde só tenho loucos? Pois é...foi e é esse meu maior medo. Nem o medo da morte pode se quer comparar com esse pesadelo...pesadelo esse que pra mim foi real e chegou bem perto.

Tive uma crise violenta de depressão, de angustia, de medo, de verdadeiro e literal pânico. Isso mesmo que você leu! Crise de pânico! Não, infelizmente não foi só um caso isolado, mas sim vários dias mergulhado no mais completo desespero. Por vários dias, tive crise do pânico, mais ou menos duas vezes por dia, e isso por horas e horas a fio.

No meu desespero fui parar por uns 5 dias consecutivos no hospital para tomar diazepam. Isso mesmo que você leu! Eu, Marcio Alves, um pensador, um filosofo auto didata, preste a me formar em psicologia, no último ano, no último semestre...a crise veio, ela não escolhe hora e nem momento. Mas assim não é a vida? Não existe “bolha de aço” contra as diversas circunstâncias da vida. As vezes ela vem e impõem sobre nós. Não temos escolha...ou temos escolha de continuar vivendo, encarando “de frente” ou pensarmos em suicídio.

Isso mesmo que você leu! O desespero foi tão grande e insuportável que pensei na morte como saída. Jamais aceitaria viver com minha mente lúcida, pensante, vibrante, viva, num manicômio. Foi um dia da semana. Não lembro bem o dia, pois faz dias que vivo essa agonia que não me deixa. Claro que estou bem melhor agora. Uma prova disso é que estou escrevendo para você meu leitor, conversando contigo. Até peço, se esse texto for demais pra você não continue lendo ele.

Todo leitor é na verdade um co-autor de qualquer texto que leia, pois você sempre lerá a partir de sua história e experiência de vida. Mas enfim...foi parar numa ala psiquiatra em um hospital, justamente, porque tinha ido lá diversas vezes tomar diazepam para anestesiar minha angustia e desespero. Ledo engano! Essa porra de remédio piorou meu quadro clinico, pois a partir daí minha mente lutou contra a angustia da depressão e das crises do pânico, como também e principalmente contra o efeito do remédio que tentava dopar minha mente lúcida e vibrante.

Foi minha experiência mais avassaladora e terrível da minha fugaz existência. Não bastava a dor, o sofrimento, ainda tinha que lutar contra o efeito do remédio, pois minha mente não parava de pensar. E pensava o que? Em como sair dessa situação. Lutava desesperadamente em pensar um jeito de me livrar dessa dor. Era a vida lutando contra a morte.

Foi nessas circunstâncias que o médico olhou pra mim e disse “vou te encaminhar para a ala psiquiatra para tentar resolver seu problema”. Quando lá cheguei, um susto, na verdade um terror: doentes mentais que vieram conversar comigo enquanto aguardava passar com o psiquiatra. E a conversa, nada lúcida, uma conversa de doente. Um dos doentes mentais me perguntou se eu era aposentado. Um frio gelado subiu pela minha espinha. Não bastante, uma mulher com uma garrafa de agua, pediu pra que vigiasse pra ela, para o leão não vir tomar. Isso mesmo! Conversa de mentes doentes.

Minha reação natural, e até como instinto de sobrevivência foi na hora que o psiquiatra daquela ala me chamou para me avaliar, foi no mesmo instante ficar bom e fingir total lucidez. Conversei com ele usando todos os meus recursos e conhecimentos acadêmicos de psicologia. Falei o meu diagnostico, falei os remédios e até os miligramas que tomava, como também as causas que foram como gatilho disparador das minhas crises.

Então ele olhou pra mim e disse mais ou menos assim “não entendo, porque te mandaram pra cá...você está bem...que tomar alguma medicação aqui?” na hora foi como choque: eu falei que não queria nada, que já estava bem....o pior era que era verdade...aquela situação toda, aquela vivencia foi como um duro choque de realidade para o meu cérebro....e todos os sintomas que estava sentido passaram “milagrosamente”.

Hoje entendo que a internação não era o melhor caminho para mim...na verdade não era como não é um caminho...porra tenho recursos, tenho outros meios para lidar com essa porra de angustia, de crises do pânico, de depressão...tanto é que após 3 semanas – isso mesmo que você leu! – estou bem melhor, embora ainda persista a angustia, a depressão...as crises do pânico se foram...claro, precisei como preciso nesse momento tomar remédios, fazer terapia, como dar um tempo no serviço e nas coisas que fazia.

Mas o Marcio de agora nem se compara com o Marcio de algumas semanas atrás...estou melhor, mais estruturado psicologicamente. Tenho o apoio da minha família, amigos e psicólogos. Enquanto escrevo esse texto, tenho certeza que vou sair dessa para melhor, no sentido de quando for atender um paciente com depressão e/ou síndrome do pânico, vou saber exatamente o que ele sente e pensa, e isso, não porque apenas li em uma porra de manual de psiquiatria, mas principalmente por ter vivido.

Essa é a vantagem do sofrimento...talvez umas das poucas...te torna mais forte e muito mais experiente e maduro. O sofrimento é a melhor escola...talvez não a mais desejada, porque dizer que gostei de vivenciar essa experiência toda é mentira...mas sei do peso e do valor...de como o sofrimento tem a capacidade de lapidar, moldar o ser humano...não sei se torna melhor, no sentido de mais bondoso, mas com toda certeza o torna mais forte, com propriedade para aconselhar e continuar vivendo e sobrevivendo....ainda mais na minha profissão de psicólogo...me sinto mais completo...fudido, sofrendo muito é verdade, mas ainda sim com muita experiência para ajudar as pessoas que passam por esses sofrimentos psíquicos que são piores do que as dores físicas...porque para essa dor, não basta remédio, é preciso muita coragem e conversa pra sair vivo dessa situação.

Minha companheira angustia

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Por: Marcio Alves

O “melhor” – entre aspas mesmo – de viver angustiado é que você aprende a conviver, a lidar melhor com ela. Passei até a chama-la de “companheira”. Terrível companheira é verdade, mas ainda sim companheira, porque essa porra de angustia não me deixa. É verdade que ela a dona angustia, as vezes, bondosa comigo, me dá uma trégua, e eu consigo passar algumas horas bem, sentido um leve mas irreal bem estar.

Irreal porque sei que ela vai voltar. Na verdade ela sempre volta. Todos os dias faz parte da minha rotina ser visitado pela minha “amiga”. Até posso chamar ela de “velha amiga”. Quando digo “velha”, digo a verdade: já estou há 3 semanas com ela. Inseparável. Não gosto dela. Não desejo ela. Não quero ela. Mas ela, teimosa como sempre, não me deixa. Na verdade, ela "dá apenas um tempo” pra mim. Como se fosse para que eu me preparasse para sua próxima visita.

Todos os dias, há 3 semanas, ela vem me visitar. E ela nunca esta sozinha. Vem sempre acompanhada com suas amigas preferidas. Sei o nome de todas. Conheço todas. É a dona depressão, desespero, tristeza, desanimo, dor, sofrimento...companheiras dessa maldita amiga da “onça” chamada angustia. Ela é a grande protagonista da minha vida há 3 semanas. Nem a esperança tem coragem de aparecer quando ela chega pra me visitar. A dona alegria, felicidade, bom humor, bem estar, alivio, nem ousam aparecer, se aproximar de mim quando ela esta presente nem pensar! São umas covardes mesmo! Me deixam sozinho, entregues a companhia dessa desgraçada.

O pior de tudo é que ela faz presente dentro de mim. Parece que eu e ela somos um. Igual jesus disse do seu pai nos evangelhos. Que ele e o pai (Deus) era um. Assim sinto em relação a ela. Quando ela vem, me derruba na cama. Não tenho forças para reagir quando ela esta presente. Ela toma todo espaço do meu corpo e mente. Não deixa espaço pra mais nada. Cheguei a cogitar varias vezes a hipótese de cometer suicídio no começo. Mas agora, estou mais forte. Alias, não sei se ela diminuiu ou eu que fiquei mais forte. O fato é que ela esta mais suportável ou eu é que consigo lidar e suportar ela mais.

Suicídio? Nem fudendo! Sou muito novo, tenho uma vida longa e promissora pela frente. Vou me apropriar de tudo que li, principalmente do meu grande referencial de filosofia de vida que é Nietzsche, para quem o sofrimento faz parte igual um lado de uma moeda da alegria de viver. Alias, a vida só é prazerosa e alegre, valendo a pena ser vivida porque há a tristeza e angustia do outro lado, como comparação, fazendo valer os momentos efêmeros alegres que vivemos.

Não sei até quando ela vai insistir em me acompanhar. O fato é que já estou me acostumando com suas visitas diárias, embora ela já não fica mais por muito tempo como ficava antes. Cheguei a ficar por umas 10 horas – isso mesmo que você leu! – 10 horas em companhia dessa dama fatal, dessa companheira destruidora, dessa terrível e maldosa “amiga”. Hoje além dela ficar pouco tempo comigo – umas 2 horas por dia – ela esta com sua presença mais fraca, debilitada. Sinto me forte. Com mais coragem e com mais vida. Acho até que quando ela me deixar – se isso for possível – vai me deixar mais forte, com mais coragem de encarar, enfrentar e viver a vida. É isso! Ela na verdade não esta sendo só minha companheira por algumas horas...ela tem sido minha mestra, minha professora, que me tem ensinado a ser forte para sobreviver pelos caminhos da vida.
A minha companheira um muito e falso obrigado (hahaha) porque ninguém em sâ consciência deseja e vai ao encontro dela...nem precisa...ela é que vem ao nosso encontro.

Instabilidade de humor: as duas facetas de uma mesma “moeda”

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Por: Marcio Alves

Já teve alguma vez aquela sensação de que dentro de você existem duas pessoas totalmente diferentes e até mesmo opostas? Pois é...é justamente essa sensação que estou vivendo já por algumas semanas. Um é o Marcio que é o depressivo, que vive mergulhado na angustia, que enxerga a vida com os óculos cinzentos, que não consegue sentir ou apreciar o cheiro das flores, o sabor e aroma das comidas, que não consegue apreciar a beleza da existência...rios, mares, pôr do sol, lua, sorriso, alegria, o lado belo e estético da vida, pior ainda: que não consegue visualizar nenhum horizonte de esperança. Não! Definitivamente não! O Marcio do lado “negro da força”, sombrio, com a alma dilacerada, definitivamente não consegue, mesmo que faça uma força herculana não consegue enxergar o lado bom da vida...se é que ela exista ou na verdade não passe apenas de uma ilusão temporária...uma construção...um significado dado para a existência...ilusão esta bela, tenho que reconhecer.

O outro Marcio, o cara “legal”, “bondoso”, cheio de esperança, de sonhos, com alguma sensação de bem-estar e de prazer, de vez em quando dá as caras...e que cara! Nem parece que estamos falando da mesmíssima pessoa...pois é...o pior que estamos sim. É uma sensação horrível...muito instável...com duas facetas...ou melhor: com duas personalidades...com duas mentalidades...porque não, com duas almas diferentes?

Você, caro leitor, pode afinal, no mundo que vivemos, contaminado pela felicidade a qualquer custo, pela busca obrigatória da felicidade ou do parecer/mostrar/vender uma imagem de sucesso, principalmente nas redes sociais...pode e deve escolher o Marcio alegre, até porque, ninguém em sua sã consciência pode dizer que prefere o outro Marcio, o Marcio depressivo...uma das razões é bem simples: o Marcio com humor depressivo, com o chamado humor literalmente “negro”, não consegue conversar sobre conversas alegres, efêmeras, superficiais...com esse Marcio, a conversa é profunda e muito funda, abissal eu diria: só sabe falar e pensar conversas e pensamentos sobre morte, suicídio, angustia, dor, sofrimento, se vale mesmo apena viver, se na verdade vivemos ou apenas sobrevivemos...se na verdade apenas postergamos o inevitável que é a morte...se não seria melhor ir ao encontro dela.

Já o Marcio do lado positivo, o caro do “bem”, o “espirituoso”, quando está bem, quando consegue sair um pouco do fundo do mar da angustia para respirar ares mais felizes, não quer, não deseja na verdade nem saber sobre falar ou pensar sobre a angustia, pois ela é muito foda! Necessitando ás vezes estar com outro humor, afundado e atolado no lamaçal da tristeza sombria para ai sim, uma vez fudido, literalmente na merda da existência, poder conversar sobre assuntos tão terríveis e temidos, uma vez que se está dentro, pior não podendo ficar por experiência própria, nem sair com um passe de mágica. Você pode acreditar, mas o melhor a fazer nessa situação de angustia máxima é não fazer nada ou na melhor das hipóteses conversar sobre assuntos “proibidos”, verdadeiros tabus na sociedade como suicídio, por exemplo.

Mas o que ambos “Marcios” pensante concordam é que a melhor – ou única saída? – é sim encarar de “frente” a terrível realidade conversando sobre o lado sombrio da existência. Sabe porquê? Porque de um jeito ou de outro ela, a dama do inferno chamada de angustia, também conhecida por apelido de desespero sempre, uma hora ou outra, por mais que você tente esquecê-la, se entreter com as coisas belas e também as banais do mundo, ela aparece como convidada não bem-vinda.

Não há como fugir...também como ludibria-la por algum (ou muito?) tempo...mas ela aparece...e por experiência é melhor conversar sobre ela quando se está bem, justamente para não precisar esperar não esperando sua presença para poder enfim conversar sobre ela...como uma forma de se preparar para o dia mal, se é que podemos definir tal dia como mal e mais ainda: se é que podemos ter a certeza que seja apenas por um dia...no meu caso, ela já persiste por semanas.

Um conselho importante – se é que logo eu posso dá-lo ou será que justamente por viver isso é que tenho autoridade para o dize-lo? – encontre pessoas bem estruturadas ou na verdade pessoas loucas no ponto de vista da normalidade vigente em nossa sociedade...pessoas que são tidas como depressivas, pessoas que já vivem com toda intensidade essa realidade nua, crua e cinzenta da vida...pois ela existe...você pode não está vendo ou fingindo ver ela...mas ela existe...como se fosse – mas não é – uma entidade autônoma, que tem vida própria, que nos ataca quando estamos mais vulneráveis.

Enfim, ache pessoas que sejam corajosas, de preferência amigas, ou até mesmo profissionais que lidam constantemente com as doenças e loucuras da mente – ou será que seria lucidez? – porque não é qualquer um que pode infelizmente te ajudar ou que esteja preparado e disposto a conversar sobre essa lado assustador, mas real da vida...como disse no princípio desse meu texto: ninguém em sã consciência quer conversar ou estar nesse momento mergulhado em trevas com pessoas sombrias e com uma lucidez incrível...porque nesse momento é impressionante como o nosso cérebro, alma, inconsciente ou o nome que você queira dar consegue quando se vê sem saída, mergulhado no pântano do desespero produzir pensamentos lúcidos que deixaria qualquer pessoa dita normal, louca.

Porque afinal – novamente tenho que citar a bíblia – parafraseado o sábio pregador Salomão de que ele chegou à conclusão de que “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração” e que “O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria” eu portanto digo: melhor conversar com pessoas ou com o lado delas “negro” porque ai você tem uma conversa profunda sobre a vida, sobre a existência, morte e aniquilamento, do que conversas banais e superficiais...embora também não descarte essas conversas, porque como dizia outro grande sábio Raul Seixas de que “Controlando a minha maluquez misturada Com minha lucidez”, ou seja, estamos vivendo sempre entre a loucura e a lucidez...não precisamos necessariamente optar por ficar apenas em um dos lados...a noite e o dia conseguem conviver...assim também estou aprendendo a conviver com esses dois “Marcios”, com essas duas sensações, com essas duas visões, na verdade com essas duas “companhias” dentro de mim...só não sei se as pessoas e até que ponto consegue manter um diálogo comigo, principalmente com o Marcio depressivo e alucinado que até dizem ser o Marcio “verdadeiro” que não segue um caminho, uma linha de raciocínio...mas que apenas a crise fez potencializar.

Demônio da insônia

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Por: Marcio Alves

Você algumas vez já ficou a noite toda rolando de um lado para outro na cama na esperança de conseguir fechar seus olhos e dormir? E no final das contas o que viu foi nada bom: a noite lentamente indo embora, a luz do sol, do dia, também de maneira bem lenta e demorada entrando pelas frestas de sua janela?

É isso que tenho vivido constantemente já algumas semanas...a noite passa a ser desejada e o dia, ah, o dia passa a ser visto e sentido como temível, um grande vilão, um verdadeiro buraco “negro”, só que nesse sentido um buraco com luz, vindo lhe tragar, e mais uma vez, você lá: mergulhado no desespero de não ter conseguindo dormir.

Acho que com um tempo você passa a costumar, e isso, não sei se é bom ou ruim, mas o fato é que esse demônio vai ficando cada vez menor e menos assustador. A diferença, ou grande diferença é que no começo isso pira sua cabeça, ainda mais, se você meu caro leitor tiver um histórico favorável de deitar e alguns minutos conseguir adentrar no mundo dos sonhos.

Pois é...no começo era muito foda pra mim...ainda mais quando aceitamos essa dura realidade de que não estamos conseguindo dormir em paz como antigamente...de que não estamos bem, de que precisamos e aceitamos ajuda, no sentido, de iniciarmos um tratamento farmacológico...isso mesmo! Quando aceitamos que o remédio pode ser um aliado, um induzidor do sono. O pior é que mesmo quando tomamos tal remédio e o mesmo não tem o efeito que esperamos.

A vida como o dia vai ficando mais difícil de suportar. Fica mais difícil levantar da cama. A vontade é de permanecer sempre mais um pouco...mais um pouco...mais um pouco...até que finalmente chega uma hora no dia que você tem que aceitar o fato, a realidade que está sofrendo de insônia. Que o seu péssimo dia, seu péssimo humor, sua irritabilidade está diretamente ligada proporcionalmente com a sua noite mal dormida.

De fato, um bom dia começa com uma boa noite de sono. Como também o contrário infelizmente é verdadeiro: um péssimo dia, um dia de desanimo, começa por uma noite mal dormida...ou será nada dormida? Algo que podemos observar, principalmente eu que estou dentro da situação é que quando se junta a isso o fato de você (eu) ser muito ansioso, isso acaba elevando o nível de tal angustiadora sensação.

Não sei você meu caro leitor, mas eu, detesto o dia que não durmo a noite. Passar o dia sonolento, sem coragem, sem disposição, sem animo, e ainda com uma baita depressão nas costas...isso acaba por agravar ainda mais os sintomas depressivos e ansiosos. Qual a cura? Não sei dar uma resposta pronta, engessada, talvez se agora eu desse uma olhada nos manuais psiquiátricos encontraria alguma coisa nesse sentido.

Mas a verdade verdadeira é que a insônia é muito particular, variando para cada indivíduo. De repente o que está servindo para mim pode não servir para você, e, vice-versa. Por exemplo, há pessoas que dizem que ver televisão ou ler algum livro ou até mesmo mexer no celular antes de dormir ajudam elas a induzir seu sono. No meu caso, quando tento esses recursos só piora minha situação, pois além de aí não conseguir dormir mesmo, fico com uma baita dor e peso na cabeça.

O que me ajuda e tem me ajudado é sim os remédios, pelo menos nesse momento mais agudo da insônia, e o simplesmente deitar na cama, apagar as luzes e tentar relaxar a medida do possível. Simples assim...Marcio, funciona mesmo? Talvez você me perguntaria...eu diria que no momento o demônio da insônia tem me perturbado pouco. Já me causou grandes estragos mesmo, porém, que hoje, após 3 semanas, vou conseguindo lidar melhor. Passo algumas (muitas?) horas acordado esperando o tão sonhado sonho, mas ele vem, ou melhor...o que vem são os pesadelos.

Isso mesmo que você leu! Não bastava a demora pra pegar no sono ainda tenho mais essa: os constantes pesadelos. Alguns me fazem inclusive a acordar. Mas se é para servir de consolo, li em algum estudo a muito tempo, que agora não me lembro e não estou no pique de procurar, que quando o ser humano começa a ter muito pesadelo é o inconsciente (ou cérebro?) dele lutando contra a doença e as situações estressantes do dia a dia. Que na verdade a preocupação deve começar quando se sonha muito e sonhos cada vez mais lindos...ai meu amigo é porque você está nas ultimas. Rsrsrs

Ou seja, o sonho como o pesadelo são uma compensação da vida. Se são apenas bons é porque o seu cérebro (ou inconsciente?) esta tentando anestesiar seu sofrimento e dor. Mas quando se tem muito pesadelo é a vida lutando contra a morte ou com algum tipo de morte que pode ser alguma doença...pelo menos termino esse meu texto com alguma notícia ou reflexão positiva né verdade? Rsrsrs Mas um sinal de que realmente estou saindo do inferno...ainda não sei pra onde...sei que agora, nesse momento, qualquer lugar é melhor do que o inferno psicológico vivido por mim nesses dias.

Porque escrever e publicar minhas angustias?

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Por: Marcio Alves

O que muitas pessoas devem estar curiosas podem não ser exatamente com o conteúdo do que estou ultimamente escrevendo, mas antes, o porquê de eu escrever e postar tais textos sobre crises de depressão, angustia, medo e pânico. Sendo mais exato e direto, talvez, se elas tivessem a oportunidade de questionarem, me perguntaria qual o meu objetivo em escrever e postar o que tenho escrito ultimamente?

A primeira pergunta é a mais fácil e importante de ser respondida por mim: escrevo o que escrevo como uma forma terapêutica de literalmente colocar pra fora o que está fazendo queimar e me sofrer por dentro. Claro, que isso, só pode ser feito se o fizer – como tenho feito – de maneira totalmente “irresponsável”. Explico: no sentido de falar abertamente a verdade do que estou sentido no momento em que sento na cadeira de frente para o meu computador, sem pensar nas consequências do que escrevo, e isso, com a minha sala mergulhada num completo silencio, para que eu possa ouvir meus pensamentos e perceber minhas sensações.

O sentido do que escrevo passa pelo processo importantíssimo nesse momento para mim de como escrevo: escrevo de maneira visceral, literalmente com minhas vísceras, o mais espiritual diria que estou escrevendo com minha alma, um romântico diria que escrevo com o coração. Não importa. O fato é que escrevo com a coragem ao mesmo tempo que faço um esforço para exercitar um pensamento que me acompanha esses dias: o de escrever para mim mesmo! Isso mesmo! Não tenho controle de quantas pessoas lerão o meu texto. Até porque não me prendo a isso nesse momento. Já fui vaidoso no sentido de me importar e muito com isso. Hoje, talvez um escritor mais maduro e “irresponsável” escrevo como se estivesse deixando um testamento de meus pensamentos mais profundos e até sombrios.

Não quero que ninguém no meu enterro invente ou crie um Marcio, um outro Marcio que nunca existiu. Claro, a não ser na cabeça delas, na projeção do inconsciente delas. Na verdade, o que pretendo deixar, principalmente para meus filhos e para as minhas próximas gerações de netos, bisnetos até quando meus textos durarem, estiverem na “nuvem” da internet é o que de verdade eu pensava, e isso, por pior que seja considerado e falado. Quero morrer, mas não quero levar comigo meus pensamentos pensantes. Na verdade, há sim, e reconheço, como forma de autoconhecimento um fundo também de vaidade e de desejo de imortalidade, ao menos dos meus pensamentos.

Eu considero isso aqui uma brincadeira prazerosa muito seria, mas que agora ganhou outra importância: o peso de ser também uma maneira de esvaziar meus pensamentos pensantes. De expurgar da minha alma essa angustia. De usar esse caos – como Nietzsche dizia – e dar luz as estrelas. Talvez o que escrevo não seja nada genial. Por isso mesmo, parto para a que tem sido minha última proposta: de escrever visceralmente meus pensamentos mais íntimos.

Qual objetivo? Acho que respondi essa pergunta, mesmo que de forma indireta. Além de deixar como um testamento pensante do que pensei em vida, mesmo depois da morte, com a ilusão e fantasia de que talvez alguns desses textos seja lido e relido como uma pérola por alguns, tenho o desejo de utilidade para o mesmo. Explico: todos esses meus textos, principalmente esses meus últimos que tem sido como uma espécie de diário das minhas violentas crises, gostaria que eles pudessem se transformar em algo útil para pessoas que vivenciam o drama parecido com o meu.

Não, não quero que se torne uma espécie de manual. Tão pouco desejo que se transforme em “passos para sair da crise”. Não como exemplo de caminho, mas antes de caminhante. Como forma de mostrar a pessoa, o humano Marcio, que passou, que enfrentou, que até se desesperou, pensando nos momentos de maior crise em suicídio, mas que lá no fundo dos infernos, que a beira do abismo, não deixou de olhar para as trevas desse terrível abismo existencial, mas que teve a coragem de um guerreiro que ferido na guerra, que sabe que vai morrer, ainda insiste em continuar lutando e isso, por mais um tempo de vida. Talvez por frações de segundos a mais de vida. Porque o que é nosso tempo de vida comparado ao tempo infinito ou ao tempo da humanidade?

Enfim…o que quero deixar aqui é um exemplo não de caminho, mas de caminhante. De humano, demasiado humano, que mesmo mergulhado na mais profunda angustia não abriu mão da vida. Sei que isso caminha perto do irracional, talvez da vontade cega de querer sempre viver. Mas isso é uma das minhas crenças: de que nos orgulhamos de sermos racionais, mas na verdade somos muito mais seres passionais, movidos por desejo, paixão, vida, irracionalidade...e afinal, se for mesmo algum dia me matar, não quero cometer suicídio para acabar com o sofrimento. Isso é coisa tola, embora podemos admitir o tamanho do sofrimento que leva a pessoa a tal desespero. Quero viver até que a morte me mate ou que pleno de vida, como pleno de idade, de sabedoria de vida, chegue à conclusão de que minha vida já não tem mais sentido e nem utilidade nesse mundo...enquanto isso, vou vivendo, refletindo, sentido e escrevendo sobre tudo isso que vivo, que faz parte de mim para quem possa ser útil.

Angustia em dois momentos

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Por: Marcio Alves

Primeiro momento: primeira reação, vontade, luta, busca, foi ligar para o “mundo todo”, gritando pra ele vir me socorrer, me ajudar, me amparar, vir ao meu encontro. Uma sensação de que internamente nada podia ser feito. De buscar fora de mim, no mundo externo, ajuda e alivio para minha dor e sofrimento. Não foi fácil. Aliás, essa parte também foi difícil: reconhecer que sozinho não conseguiria suportar aquelas toneladas de angustia esmagando minha alma.

Precisava de alguma esperança. Ter esperança nesse momento é muito difícil. Procurar um salvador nesse momento caótico não passava de autoengano...necessário é verdade...talvez um pouco de ilusão...de ver ou criar alguma luz, nem que seja de uma pequena lanterna ou vela no final do tunel do desespero. Enfim, sabia racionalmente, que nesse momento nem o papa, nem Jesus Cristo poderiam me livrar dessa angustia fudida que dilacerava meu coração, corpo e mente.

No ápice da angustia não há racionalidade que fica de pé. O que há é uma luta desumana entre as forças da vida e da morte. Por isso que no primeiro momento, minha reação de ligar para o “mundo” vir me ajudar foi uma tentativa irracional, muito mais por instinto e passional de quem queria se livrar da angustia a qualquer custo, mas que, porém, relutava, numa briga desesperada em caminhar ou não pelas trilhas do suicídio.

Suicídio? Sim namorei e dancei várias vezes com a morte. Sempre nos momentos de maior angustia, dor, sofrimento e desespero, pensava nela como uma última saída. Talvez como forma de dizer para mim mesmo que havia uma saída, quando todas fracassassem. Acho que é por isso que no primeiro momento gritei a minha dor em cima do “telhado”, no sentido de chamar por socorro. Inconscientemente (ou bem consciente) falava quando mergulhado em angustia que queria me matar, mas na verdade o que queria mesmo era pessoas que estivessem ao meu lado para impedir essa loucura.

Cogitei a hipótese de ir para a casa de um amigo meu que mora sozinho, longe da minha família, e lá, sem os olhos dos meus familiares sobre mim, lutar contra a morte. Cheguei a dizer que essa minha ideia era em caso de surtar e querer pôr fim a minha vida, para que meus amigos me segurassem. Foi o momento de desespero total. Não sabia mais o que fazer...a quem recorrer. Só sabia que a medida que se aproximava mais perto da morte, mais paradoxalmente queria a vida. Não a vida em angustia, mas a vida com esperança, com alegria, com prazer, com sentido.

Segundo momento: passado algumas semanas, o segundo e talvez pior momento foi o de querer me fechar. Não falar mais com ninguém. Não conversar. Não ouvir ninguém. A medida que os dias passavam, e a angustia permanecia, fui perdendo as forças, a fé, a esperança de sair daquela situação vivo. Pior: nesse momento me vi sozinho, só comigo mesmo, no sentido de que minhas esperanças por um salvador haviam se perdido. Agora, o que restava era encarar a realidade, tentar me levantar com minhas próprias pernas, e seguir em frente...com angustia, mas em frente.

Foi o momento mais delicado. O caminho de se fechar para o mundo, de não conversar e ouvir as pessoas é o caminho da loucura. O caminho de maior desespero. Você só com seus pensamentos e sensações mergulhadas na mais total angustia. Enquanto ainda conseguia por alguns momentos interagir, conversar com as pessoas, tinha um fio de esperança. Mas em alguns momentos quando escolhia o silencio da angustia, foi o momento mais pesado pra mim.

A única coisa que havia de comum nesses dois momentos era a ideia persistente do suicídio. A diferença é que no primeiro momento conversava e falava muito sobre isso. Já no segundo, falava pouco. Até cheguei a dar a dica no intuito de me ajudarem a não deixarem usar esse recurso – do suicídio – que enquanto eu ainda falava, embora muito, sobre a morte, sobre acabar e como acabar com a minha vida, tinha esperança de não fazer isso, pois entendo...me entendo que quando dizia isso era porque no fundo não queria isso. O falar sobre isso era como forma de dizer “me ajudem a não enlouquecer e me matar”.

Falar ainda é uma saída....uma grande saída...meu medo era parar de falar sobre isso, pois quando parasse, significaria que no fundo tomei essa decisão. Ainda bem, que sabendo disso, quando a angustia vinha, falava muito sobre isso. Outra coisa que me ajudou, contraditoriamente, nesse segundo momento de não querer conversar, mas ainda sim, em alguns momentos não aguentar e falar, foi que estava muito fraco e debilitado, ou seja, jamais teria a coragem de pôr fim na minha vida na minha própria casa...precisava sair dela, mas quando se chega a passar até 10 horas do dia numa cama sem comer ou comer muito pouco, o resultado é que o corpo fica muito fraco.

Não tinha forças para sair de casa para cometer suicídio. Isso em parte salvou minha vida, pois pensava: “para que eu possa me matar, tenho que sair de casa, mas para sair de casa, tenho que me alimentar e fortalecer meu corpo, mas uma vez que eu fortalecesse meu corpo, grande parte desses sintomas vão desaparecer e com elas a vontade de me matar”. Dito e feito: comer, me alimentar, fortaleceu meu corpo, tanto é, que a primeira regra que o médico me passou nesse momento foi me alimentar.

Enfim, dois momentos difíceis, sendo o segundo mais tenebroso...agora estou indo para o terceiro momento que espero em breve escrever e compartilhar aqui: o de sair dessa situação, o de me recuperar 100 %. Sinais da minha recuperação já são visíveis...cito dois para terminar esse meu texto: não penso mais em suicídio e estou agora nesse momento sentado em frente ao computador escrevendo esse texto.

O valor da angustia

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Por: Marcio Alves

Na época em que vivemos, da busca pela saúde, da busca da felicidade, do sucesso, do bem-estar, só pode ser louco ou estar louco quem diz o contrário. Mas eis que ouso dizer! Isso mesmo. Por isso só posso estar louco nesse momento! Só quem afunda e mergulha bem fundo no mar da angustia é que consegue e tem o direito de dizer que há um benefício na angustia profunda: o direito de não estar feliz, nem saudável, nem bem-sucedido, nem aparentando bem-estar.

O lado bom da angustia em sua profundidade mais profunda e escura é que você não dá a mínima para as aparências. Se preocupar em se mostrar bem, saudável, feliz? Nem a pau! Sabe porquê? Porque você quando mergulhado no oceano da angustia mais avassaladora na verdade está entre a vida e a morte, e nesse momento não existe nada mais importante do que o viver ou morrer!

Dinheiro, emprego, faculdade, casamento, vida social, conquistas, sucesso, felicidade se tornam todos irrelevantes, porque o que está posto diante de uma pessoa transfigurada na angustia é o dilema maior da existência: vale a pena viver? Ou será que ir ao encontro da morte, da aniquilação total, do cair no abismo da não existência, do deixar de existir, do deixar de ser para sempre é a solução: única solução para quem está vivendo na angustia?

Nesse momento de maior angustia, do inebriante e profundo desespero, você faz a pergunta que todos no fundo, bem no fundo, têm medo de se fazerem: vale a pena realmente viver? Nesse momento você percebe a futilidade da vida, o quanto banal é a existência, principalmente da vida em sociedade, de quão educado e social você precisa ser – ou fingir ser – para poder conviver pacificamente no mundo dos humanos.

Ah mas ai quando vem aquela angustia avassaladora tirando seu chão, destruindo seus sonhos, acabando com suas ilusões, arrancando de você seu futuro, te deixando no mais profundo vazio...apenas você com você mesmo mergulhado na angustia sem fim...você pensa apenas em se matar ou continuar vivendo como um verdadeiro guerreiro sabendo que o fim é inevitável.

O lado bom da angustia é que te faz pensar o que realmente tem valor na vida...se a própria vida tem valor...você manda tudo se fuder e fica apenas com aquilo que realmente tem valor...é como se a angustia fosse uma fornalha ardente que só restasse nela o ouro da sua vida...no meu caso ainda não descobrir qual o ouro da minha vida...tenho apenas impressões e sensações que levemente apontam para a minha família como o ouro que restou da fornalha da angustia que estou passando.

Sentido maior da minha vida talvez sejam meus filhos? Talvez esposa? Talvez sonhos? Sinceramente ainda não sei...adoraria dizer que finalmente encontrei a “galinha dos ovos de ouro” da vida, mas...ainda não...parei toda minha vida...ou melhor: ela foi parada pela angustia...fiquei literalmente de cama...na cama...viajando por pensamentos de angustia...pensando em morrer...em acabar com a angustia...ou em como ter, construir uma vida com mais sentido...infelizmente não conseguir chegar a nenhuma conclusão ainda.

Sei que você deve estar se perguntando qual a moral afinal do meu texto...lamento lhe informar, mas meu texto não tem moral, não tem uma verdade a ser descoberta...apenas sensações e percepções que estão contaminadas pela angustia...não tem um lugar a se chegar...apenas é o reflexo do caminho que estou fazendo agora...com menos angustia...mas ainda sim, ela me acompanha, e com ela a pesada reflexão do que ou porque vale a pena viver.

A angustia serve como divisor de aguas na vida do ser humano...ou pelo menos foi e está sendo assim na minha vida...antes dela a vida era tão fácil, prazerosa, com tantos objetivos e preocupações...depois dela...o que resta é juntar os cacos da existência e tentar recomeçar construindo alguma coisa que me de sentido. Pensei que a família seria o suficiente para me tirar da angustia...ledo engano...a angustia está passando por aprender a conviver com ela...não quero dizer que a família não seja importante...até acho que se não tivesse filhos, esposa, mãe, uma família e amigos, se fosse sozinho nesse mundo teria outro destino.

O que quero dizer é que a angustia é coisa muito séria, e te faz ou te torna uma pessoa muito mais reflexiva e exigente...você passa a enxergar o mundo e sua própria vida com outros óculos...óculos de angustia não se contentam com qualquer coisa. É um caminho não desejado e nem buscado...é como se estivéssemos andando por outros caminhos e nos perdêssemos. O que espero é que as palavras de Jesus sejam verdadeiras quando ele diz que “quem perder a sua vida achá-la-á”...no meu caso já a perdi, mas ainda não a achei.

A angustia dos filósofos e a angustia dos psicólogos

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Por: Marcio Alves

Ouso fazer uma separação entre dois tipos de angustia que percebo e experimento. Não sei e nem pesquisei se realmente há tal entendimento, mas para mim, a angustia dos filósofos é diferente da dos psicólogos. A angustia para filósofos como Kierkegaard, Pascal e até mesmo Sartre tem a ver muito mais com a condição humana ou dito de outra forma...tem a ver com algo mais profundo: a natureza humana. Na verdade, todo ser humano tem esse tipo de angustia, a questão é que em alguns é mais intenso do que em outros...como também uns consegue driblar na vida mais facilmente do que outros...passando assim mais desapercebido por alguns do que para outros.

A angustia dos psicólogos está ligada diretamente com a doença mental. Até mesmo com CID e DSM. Está ligada a ansiedade, mas transformada num grau elevadíssimo...há outras nomeações da angustia ou sua equivalência como depressão, medo e outros. Há até quem não faça distinção entre ansiedade e angustia. Muito embora para a maioria haja sim um nível diferente de resposta no corpo e mente humana.

A angustia dos filósofos te leva a reflexão. Ao mais puro questionamento. É uma espécie de mal-estar pensante. Já a angustia dos psicólogos te leva ao desespero...a loucura. Para os filósofos essa angustia não tem cura, pois faz parte do ser humano. Uns chegam até mesmo dizer que o ser humano busca distração, divertimento, como forma de se anestesiar dessa angustia.

A angustia dos psicólogos e psiquiatras tem tratamento: através de medicação, os famosos psicofármacos...como também através de intensa terapia...terapia essa que há aos montes, das mais variadas escolas e escolhas. Como se fosse um produto que você pode literalmente “pagar” e "pegar" na prateleira dos consultórios. Tem para todo gosto. Desde as tidas como mais rápidas, objetivas, como até aquelas mais “profundas” que buscam entender o drama humano desde sua história mais remota, isso é, desde sua tenra infância.

Olhando para o que vivo hoje, como também para o meu passado mais distante, na verdade tenho as duas. Ou será que potencialmente todos temos a tendência de desenvolver ambas angustias? Não sei...o que sei é de mim...sempre tive a sensação da angustia na minha infância que foi desenvolvendo e tendo maior volume, como uma verdadeira “bola de neve”, usando-a como metáfora para a angustia...foi crescendo com o tempo...sendo que na juventude ela veio como forma de doença, muito mais fudida.

Tive a primeira e forte crise por volta dos 19 anos. Mesmo na época da igreja sentia a angustia em suas duas versões: a filosófica, existencial, um verdadeiro “buraco” no fundo da alma, onde a religião era uma espécie de “distração”, “divertimento” como diria acho que Pascal, no sentido de ser uma anestesia para as dores infindáveis da existência nua e crua, mas também, de vez em quando a angustia como doença, no seu sentido de impossibilitar e parar a minha vida, vinha me visitar.

Talvez essa seja a divisão mais simples e clara pra mim, isso é, em minha experiência com a angustia: a angustia filosófica não me fazia ter que parar tudo que fazia, já a tida ou elevada a sua máxima potência que é a angustia como doença, me derrubava...não é possível continuar caminhando com essa segunda angustia...é preciso achar uma pedra e sentar no meio do caminho, de preferência com alguma sombra, debaixo de alguma arvore para dar um tempo na caminhada e descansar.

Mas descansar do que? Eis a grande diferença de uma angustia para outra: a angustia como doença suga suas energias físicas como mentais. Depois de uma crise máxima de angustia, aonde o sujeito – no meu caso eu – se percebe sem saída, com pensamentos suicidas, entre a vida e a morte, isso leva ao esgotamento mental...já o físico fica também muito debilitado, pois essa crise de angustia é tão forte e persiste por tanto tempo, que você vive uma verdadeira batalha, aonde a guerra como seu campo de batalha se dá na mente humana.

É incrível como a mente humana é tão complexa e poderosa...cria sensações corporais que na verdade não são reais...no começo da angustia como doença, que me fazia deitar na cama, eu sentia que meu coração iria parar a qualquer momento...pensava que minha mente iria sucumbir à loucura, que iria perder a razão...como também tinha sensações de sentir meu corpo todo anestesiado e tremulo...como se tivesse recebido uma forte descarga elétrica e isso por horas e horas.

Imagina como saia dessa guerra: totalmente destruído psicológica e fisicamente...não há mente e corpo que suportem tamanha angustia...acho que depois de tamanha experiência infernal, quando a angustia mais branda, leve, mais filosófica bater, ela será sinceramente bem-vinda...o que não quero é ter mais a angustia como doença mental...ou na verdade, se não haver uma cura, porque já venho sentido ela a minha vida inteira, o que espero é estar mais forte, preparado e estruturado mentalmente para a sua próxima visita...quem sabe, ela não faça tantos estragos na minha vida social, afetiva, profissional e acadêmica como fez nessas últimas semanas.

O prazer depois da angustia

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Por: Marcio Alves

Finalzinho da tarde, e finalmente a angustia vai me deixando, e com ela uma sensação de prazer...prazer e alivio só de me livrar da angustia...de sentir ela me deixando...puxa, como a vida é diferente depois que a angustia vai embora! A primeira coisa que sinto quando ela vai embora é fome...fome e vontade de comer...qualquer coisa...nesse momento coisas simples são tão prazerosas!

Adoro tomar suco depois que a angustia vai embora...suco de goiaba e maracujá são meus prediletos...que gosto tem na boca, como desce deliciosamente pela garganta até o estômago...nunca tomei tão devagar, saboreando tanto um suco como depois que a angustia vai embora...como consigo finalmente sentir intensamente o sabor de uma comida...como é triste comer ou beber com angustia...é igual aquele comercial de cerveja na TV, que a bebida desce quadrada...assim é comer ou beber, não importa o que, quando se está com angustia.

Isso mesmo! Poderia escrever esse texto apenas falando do prazer da comida e bebida depois que a angustia vai embora se quisesse, pois, o prazer gastronômico é uma das delicias do mundo...até brinco de vez em quando, quando me forço a comer com angustia para não ficar com o corpo mais franco ainda: melhor é morrer de angustia com a barriga cheia do que vazia!

Mas não é somente a comida que é prazerosa depois da angustia...escrever esse texto como é bom...se escrevi vários textos com angustia para tentar me livrar ou atenuar o pesado fardo da angustia, esse especificamente, me dá prazer, pois escrevo sem ela...escrevo dessa vez, nesse texto, pelo simples prazer de escrever...de sentir como estou lúcido, como nesse momento estou cheio de vida...de potência...isso mesmo! Escrever sem angustia é escrever com leveza, sentindo forte, pleno de vida, de vigor.

Estou redescobrindo o prazer de escrever...acho até mesmo que quando não estiver mais com angustia não vou mais querer parar de escrever...nossa a vida é tão leve e tranquila quando passa a angustia...como é prazeroso poder novamente voltar a brincar com meus filhos...ver no sorriso de seus lábios como a vida é bela para esses pequeninos que não sabe ainda o peso que é viver.

Adoro abraçar eles, sentir seu corpinho e suas mãos no meu rosto! Como adoro contar histórias para eles dormirem a noite. Cantar suas musicas infantis preferidas. Deve ser por isso que não cometi suicídio...porque nesse momento você sente que a vida a pesar do desespero da angustia e do sofrimento, da falta de sentido, do absurdo que é a vida, que mesmo que nós sabemos que vamos morrer, mesmo assim, o pouco tempo que resta, e dos pequenos prazeres que encontramos, vale sim a pena tentar continuar caminhando pelos caminhos da vida!

Acho que afinal a angustia não é tão inútil assim...pelo contrário! Nesse momento é que você percebe o quanto ela contribui – claro, depois que passa – para que a vida seja vista, sentida e vivida de outra forma...de uma forma mais leve, mais alegra, mais prazerosa. Realmente a vida nesse momento vale a pena ser vivida em comparação ao sofrimento, daí o sofrimento ser sim valioso, pois quando passa deixa uma sensação de querer viver, mas viver bem.

Até ver um filme, ler um livro, escutar uma música, conversar com alguém quando a angustia passa é muito prazeroso...claro que não busco a angustia...mas já que ela está ai posta, vinda sem pedir permissão em minha vida, vou usar ela como combustível de desejar a vida alegre, prazerosa com saúde e bem estar. Acho que isso que me dá esperança: ter a consciência por experiência própria que a angustia é passageira, como tudo na vida.

Ufa! Sinto-me leve como uma pena...sinto o sabor até mesmo da agua...ah como é bom tomar agua, pois na verdade quando a angustia está presente dentro de nós, não há espaço para nada...inclusive para a agua ou qualquer comida...mas depois que ela vai embora, fica uma sensação de vazio no estômago que precisa rapidamente ser preenchido pela comida e bebida.

Acho que vou escrever mais quando também estiver vivendo nesses momentos de delicioso prazer. Mesmo que não seja tão profundo como quando se está em angustia...pois a profundidade que fazemos a reflexão tem muito a ver com o quanto de profundidade que descemos no abismo da angustia de viver, perceber e sentir a vida...mas nesse momento quero curtir esse finalzinho da tarde em prazer da “descompanhia” da angustia...pois sei que ela vai voltar...mas em quanto não volta, vou comendo, bebendo, respirando e vivendo o puro prazer de viver.

Suicídio

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Por: Marcio Alves

Quero aproveitar que ainda me resta um pouco de angustia e falar (escrever) um texto inteiro sobre suicídio...o Filosofo Camus tinha razão: o único verdadeiro nó teológico como existencial é o suicídio...a decisão se vale a pena continuarmos vivos ou se devemos cometer suicídio. A resposta a essa pergunta é tão pesada e cortante que esmaga ao mesmo tempo em que dilacera o coração de quem não apenas pensa, mas vive e respira tal questão. Não, não quero escrever mais um texto daqueles intelectuais, abstratos, tendo apenas a razão como guia. Para isso tem um monte desses tipos de textos por ai...inclusive, muito superiores intelectualmente a esse meu.

Quero e vou escrever dentro de minha experiência não somente intelectual, mas principalmente – e talvez esse seja a diferença para outros tantos textos sobre essa temática – de forma passional, afetiva, emocional...mergulhado no mar da angustia...embora de tanto me debater esteja conseguindo por várias vezes sair um pouco do fundo dessas aguas e subir a superfície para respirar o ar...tento, ainda em vão, buscar algum pedaço de madeira que me sirva como boia, como um verdadeiro ponto de apoio. Talvez por isso seja tão pesado esse fardo do impasse do suicídio: é uma coisa que cada um de nós terá que responder por nós mesmo! Ou seja: parafraseando a popular frase cristã de que a “salvação é individual” o suicídio também o é...a menos que você mate uma monte de gente para depois se matar...mas ai já outra questão.

Tenho a consciência de que nesse momento ainda não é momento de construir algum porto seguro...imagina! Você quando esta se afogando só pensa em se salvar, em conseguir e busca desesperadamente a qualquer custo o mais puro ar para o pulmão. Tenho certeza agora mais do que nunca, de que quando passar esse vendaval, essa verdadeira tempestade, (re)usarei todos os meus recursos para criar nem que seja um simples barquinho para tentar não sucumbir, me afogar nas próximas tempestades da vida e quem sabe, ao veneno que foi pela primeira vez sentido no meu coração...o veneno do suicídio, que envenena a alma, a mente, o corpo e o que mais quiserem encontrar no humano.

O suicídio é um tabu, algo proibido para muitos, mas desconfio que todos nós ou pelo menos a maioria de nós, já pensou, mesmo que no silencio dos nossos pensamentos nessa alternativa para o absurdo da existência, de sua cruel falta de sentido...ou que pelo menos no mais alto grau do desespero diante das mais diversas e cruéis circunstâncias já cogitaram, dançaram com essa hipótese...no meu caso, nada externo me aconteceu, e por isso, talvez, a briga esteja perto de um possível acordo em dialogo entre a vida e a morte...no começo da angustia mais fudida cheguei a fazer com que um amigo mentisse pra mim no meu mais profundo desespero de tentar encontrar alguma saída para o abissal sofrimento que estava imerso, de me matar ou me ajudar a me matar.

Tenho um amigo de campinas, filosofo, que em sua sagacidade me disse que iria vir para São Paulo, me levaria até uma ponte, e lá me deixaria, com o nobre, mas ariscado intuito de que lá, entre a decisão, pesada decisão, de me suicidar ou não, eu tomasse um choque de realidade...ah como foi bom esse seu plano! Sabe porquê? Porque depois eu fiquei viajando e pensando nas formas de cometer suicídio...e ai tive um pensamento “romântico” suicida: fiquei imaginando no desejo, na adrenalina, de pular de um avião de paraquedas, e nessas frações de segundos decidir em puxar a corda e abrir o paraquedas salvando minha vida ou não puxar e cometer suicídio.

Até acho que mesmo no caso de não cometer suicídio, isso é, de abrir o paraquedas e decidir em continuar vivendo, só de passar por esses agoniantes segundos em que a vida e a morte estaria literalmente na minha mão, a poucos centímetros da minha aniquilação, isso seria um choque tão grande e tão terapêutico que penso que poderia me “curar” na hora – se partimos da angustia em seu extremo mais avassalador como doença psiquiátrica – ou que pelo menos desistisse de me matar...enfim, penso e invejo as pessoas que se colocam em verdadeiro “perigo de morte” ou de “quase morte”...deve ser uma experiência vibrante e fantástica...é como se a pessoa andasse na corda bamba pendurada em cima de um precipício onde corresse sério risco de lá de cima cair e perder sua vida.

O suicídio também tem um outro problema: ele revela para nós o quanto somos ou não livres...isso mesmo que você leu! No meu caso, pensava nas pessoas que me amam: esposa, mãe, pai, irmão e amigos...mas é nos filhos é que vi que estava – como ainda estou – muito mais preso. Explico: que exemplo daria para eles? Se realmente a vida de uma pessoa fala mais alto do que qualquer coisa que ela tem dito, falado e ensinado, qual mensagem estaria deixando para eles?

Outra coisa é que esses pequeninos nada têm a ver com meu drama existencial interno. Estou preso a eles no sentido de ainda ter que promover cuidado e proteção...como psicólogo quase formado – me formo daqui 2 meses – sei que esse cuidado e proteção estão ligados não somente a questões financeiras, mas principalmente afetivas, psicológicas e emocionais. Por isso que dizem que o ato do suicídio é o ato mais egoísta do mundo: a pessoa priva o mundo, principalmente os seus, de sua presença.

O que dizer então do suicídio como um ato covarde? Será mesmo? A esse respeito penso que na verdade não podemos generalizar...não estou fazendo apologia do suicídio...longe disso! Odeio apologias, ideais, crenças e valores que nos amarram...por isso estou assim, nessa fase da angustia fudida, sendo ela uma transição importante, de me perder para poder me encontrar depois...o que quero dizer é que a pessoa que comete suicídio por causa de não suportar o sofrimento, por exemplo, nem ela mesmo, podemos dizer que é covarde, pois é a decisão mais difícil, complexa, profunda da vida...da sua vida.

Não dá e não temos o direito de julgar quem comete o suicídio...parafraseando uma celebre frase digo: o suicido tem razões que a própria razão humana desconhece...alias, já dizia um pensador que a pessoa que comete suicídio ela esta na verdade julgando o mundo...mas acho, e agora eu digo, que pra mim, o suicídio como alivio da angustia não resolve...digo no mais puro intimo da minha subjetividade e história...me matar e deixar um baita problema, literalmente dor de cabeça, um nó impossível de ser desatado por meus familiares e amigos...isso claro, no pensar e projetar no presente o futuro, pois o suicídio para mim seria a aniquilação total e definitiva.  Talvez, como já escrevi em algum texto por aqui, que volte a pensar nessa possibilidade do suicídio quando estiver mais velho...pois afinal vejo de maneira muito profunda e “romântica” a ideia de nós mesmo escolhermos nossa morte, no sentido de quando e como acreditamos que devemos sair de cena do palco da existência.

Suicídio é uma coisa tão seria que em nosso pais não somos livres, e não temos o direito de decidir sobre nossa própria morte. Acho que o sentido da vida passa por esse direito. Por isso que a liberdade é uma doce ilusão...não somos completamente livres...mas ai seria outro tema é fugiria desse tema...enfim, suicídio é uma ideia ou decisão de quem não se sente mais preso à vida ou qualquer compromisso, ideal, valor, crença...inclusive, a própria esperança que dizem ser a última que morre. Vou cometer a loucura – mas nesse momento tenho direito de estar louco rsrs – de afirmar que o pensar no suicídio é profundamente terapêutico, isso, claro, se você não chega a via de fatos.

Explico para terminar: só quem pensa no suicídio como último ato em vida, como última cena do seu próprio filme, como última página do livro de sua própria história de vida é que pode se levantar e dizer que a vida, para ele e por ele, deve ser vivida até tal dia decisivo de não mais existir, mesmo sendo a vida um jogo, para usar essa metáfora, perdido, pois no final sabemos que vamos perder, vale ainda sim, a pena continuar jogando até o juiz da perdida chamado morte decidir apitar o termino da partida ou nos minutos finais que antecedem esse final decidirmos por um ponto final...isso claro, se ela repentinamente não vier nos visitar...isso é olharmos nos olhos da morte, de que, em quanto ela não vem, vamos vivendo, caminhando, dançando, se divertindo rumo ao precipício, em direção dela.
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